segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A geração dos perdidos

Mais duas semanas de trabalho. Somente mais nove dias e mais uma vez estarei desempregada. Como essa palavra é pesada para nós, não?  Toda a minha vida eu cresci tendo a certeza de que um diploma me traria um trabalho, que um trabalho me traria uma carreira e uma carreira me traria felicidade.

Alguns dias de depois da minha formatura comecei a me perguntar se aquilo realmente era verdade. Eu encontrei um bom emprego, eu trabalhava, eu tinha dinheiro, certa estabilidade, mas alguma coisa não parecia correta, alguma coisa sempre estava faltando. Um buraco na vida. Criei coragem para seguir meu próprio sonho. Embarquei em uma viagem sem saber o que iria acontecer, sem emprego. Na mala? Somente a vontade de encontrar algo para preencher esse vazio.

Em um mês morando na Irlanda encontrei meu primeiro trabalho. Exatamente o que eu procurava. Trabalho braçal, sem pensar muito, ganhar, juntar e gastar dinheiro com viagens e festivais. No começo houve uma briga interna de ego. Eu? Formada e fazendo isso? Eu tinha que contar para todo mundo que eu estava ali somente por um tempo, que eu? Eu era formada. Então as semanas foram passando e comecei a perceber o quanto ridícula eu estava sendo. As pessoas que trabalhavam a vida toda ali eram meus amigos. Eu era melhor do que eles por ter um diploma e estar ali somente por um tempo? Não. Parei de me referir ao emprego como ‘subemprego’ porque não poderia falar disso dos meus amigos. Parei de me justificar para mim mesma. E dai? Eu sou feliz servindo as pessoas, fazendo café, sanduiche e limpando. E isso me faz inferior a alguém que trabalha em um escritório? Não MESMO.

Os dias vão passando e o Brasil se aproxima. O vazio já começou a aparecer e uma estranha angustia também.  Em meio aos planos da última trip, em meio a todo esse clima de despedida que entrei agora, eu me pego pensando – praticamente todo dia – o que eu vou fazer da minha vida quando voltar? Essa pergunta está me atormentando. Por um lado não posso – e não quero – voltar para a vida antiga que tinha quando deixei tudo que tinha para trás. Aquela vida é antiga e já não cabe mais na Juliana que volta no começo de março. Esses dias ainda me imaginei fazendo as mesmas coisas que fazia e me deu um desespero muito grande.

O medo da volta simplesmente me apavora. Acho que tenho medo de voltar e ficar acomodada.  Há dias tão melancólicos que penso: por que tive a ideia de mudar de vida? Agora parece que nada mais vai me agradar. Parece que nunca mais estarei completa, sempre buscando coisas que não sei bem o que são em lugares ao redor do mundo.

É como se a Juliana que eu costumava ser nunca tivesse existido. É como se eu tivesse nascido aqui, com 23 anos, sem nenhuma bagagem social. Deixando tudo para trás, acredito que deixei até mesmo quem eu era. É um sentimento muito forte e acredito que somente quem passa por essa experiência é capaz de compreender.  Eu me viciei. Eu me viciei em aprender, eu me viciei em coisas novas todos os dias. Eu me viciei em viver fora da zona de conforto. 

O problema que quero discutir não é a minha crise existencial, mas sim o fato de que já não sei mais o que quero fazer com a minha vida. A palavra trabalho/carreira não faz mais sentido. Não como fazia há algum tempo. Cheguei a fazer uma lista: mestrado? Pós-graduação? Multinacional? Concurso público? Abrir o próprio negócio?  A última opção é a que mais mexe comigo, na realidade.

Não consigo mais trabalhar dessa forma engessada que vejo o pessoal trabalhando.  Não estou julgando, mas talvez não seja mais para mim. Tenho conversando com vários amigos e a sensação é a mesma para eles. Eu me formei em jornalismo, por exemplo. Dois anos depois de formada, trabalhando já não me sentia uma. Agora? Menos ainda. E acho isso ótimo. Porque jamais algo que apenas estudei por um tempo pode me definir. Sou muito mais do que ‘jornalista’. Eu tenho capacidade de aprender qualquer coisa e ser qualquer coisa que eu quiser. Sendo Doutora ou servindo café. O que realmente importa é preencher esse vazio.


Acho mesmo que minha geração está perdida. E isso é tão bom. Acho que enfim começamos a perceber que ir para a universidade não é o único caminho para felicidade. Não precisamos nos encaixar porque encaixar não é mais cool. Não para nós. Queremos algo que ainda não sabemos mas parece promissor para mim. 

domingo, 8 de novembro de 2015

O que Roma me ensinou

Roma é uma cidade para se amar. Ela tem um ar romântico e trágico ao mesmo tempo, entende. É um filme do Woody Allen. É linda, apaixonante, amável, mas também é ruínas, é dor, é tragédia, é guerra, é coração quebrado. Roma é uma ironia, oposto, amor e ódio. É transito bagunçado, ruelas tão feias que ficam charmosas, é vespas disputando lugar com pedestres. Roma é incrível.

A minha viagem para a capital italiana já começou curiosa. Conheci um casal maravilhoso no avião. Comecei com pé direito.  Clima absolutamente maravilhoso. Bom, quando se vive em Dublin qualquer 15 graus já é uma festa. Peguei um ônibus até o centro da cidade. De lá andei uns 4 quarteirões até o hostel. Era sexta-feira e eu já via a cidade efervescendo. Chegando ao hostel encontrei a minha flatmate e suas amigas, que estavam viajando pela Europa há duas semanas e a última parada seria Roma. Foi questão de deixar as malas no quarto, retocar o batom e partir para um lugar chamado Campo Di Fiori, o mais badalado de Roma.  Andamos pelo local. Bares, restaurantes, italianos lindos, tudo que eu imaginava.

Sentamos para alguns drinks. Entre cosmopolitans e cervejas já estávamos alegres. O garçom, como um bom italiano, já começou a flertar e perguntar onde iriamos depois dali. Eu falei que não sabia ainda. Ele disse que poderia mostrar um lugar, mas que teríamos que esperar ele terminar e fechar o bar. Fomos pro hostel. Afinal nós tínhamos pouco tempo na cidade e queríamos conhecer muita coisa.

No dia seguinte acordamos cedo porque tínhamos um roteiro difícil. Seria sábado para conhecer Roma e domingo para o Vaticano. Primeira parada: Coliseu. Eu acho que sou uma pessoa muito emotiva, muito deslumbrada porque sempre que chego a uma cidade nova fico super animada. E não foi diferente quando avistei o famoso Coliseu. Não é por ele ser famoso, não é pela foto no instagram. Mas eu penso: Meu Deus, quantos anos têm essas pedras que eu estou pisando agora? Como eu sou insignificante, como não sabemos nada da vida. Penso: Eu jamais poderia morrer sem ver esse lugar. E sinto uma gratidão imensa pela minha vida, pelas oportunidades que Deus me dá e que eu não hesito em agarrar. E meus pensamentos foram assim sábado inteiro. Visitamos tantas coisas. 
Apaixonei-me tantas vezes por lugares, por pessoas, por pizzas, por pastas, por vinhos, por tudo.

A pizza italiana – pelo menos para mim – é a melhor. Massa fina, crocante, recheio simples, básico, maravilho. A cidade cheia de fontes, cheia de artistas. Eu andava por Roma e sentia que me faltavam olhos, nariz para olhar e sentir a cidade em sua totalidade. E também acho que sempre tive professores de história muito bons. Deve ser por isso que toda vez que entrava em um lugar eu sabia a importância que ele tinha. Fique anestesiada quando entrei no Pantheon e sem ar quando admirei a Fontana di Trevi.

Domingo o dia inteiro seria destinado ao Vaticano. Como as meninas chegaram antes em Roma conseguiram uns ingressos para assistirmos a missa (parece que era alguma coisa especial, encerramento de alguma coisa católica. Eu não sei direito – desculpem-me os religiosos). Só sei que a missa seria rezada (quase escrevi facilitada) pelo Papa mais Pop do mundo. O Seu Chico ia aparecer e tudo. Fiquei animada com essa parte, porque sinceramente ir à missa só quando a catequese obrigava. Enfim, às 7h30 já estamos prontas e em direção ao Vatica.

Outro lugar sensacional. A Praça de São Pedro é muito linda. Nós tínhamos convite e estávamos animadas para assistir a missa dentro da basílica. Acontece que não eramos somente nós, havia centenas de pessoas com o mesmo convite. Ninguém era VIP não, todo mundo tinha o tal do convite rosa e a fila estava imensa. Ok, a missa começaria as 10h então teríamos tempo para entrar.

Mochileiro que é mochileiro sempre tem lanche na mala. Uma: para economizar dinheiro. Outra: realmente só para economizar. Nós não tínhamos tomado café. O que justificava nossa sacola com sanduiches, suco e claro uma coca-cola. Sem vergonha alguma, afinal o papa é dessa também gente, começam a tomar nosso café e conversar.

Então acontece algo muito engraçado. Atrás de nós havia uma “comitiva” do Rio de Janeiro. O bispo do Rio e mais uma cambada de mulheres e homens muito bem vestidos. Salto alto e tudo. Uma das mulheres, uma das mais elegantes, diga-se de passagem, falou para o casal: “Essa fila tá enorme, mas não se preocupa não. Nem todo mundo tem o convite rosa. Olha ali na frente. Aquele pessoal ali de tênis e jeans, por exemplo, jamais teria convite rosa”. Brasileiro achando que é exclusivão? Nenhuma novidade. Mas é amadorismo achar que ninguém vai entender português só porque você está em outro país...

Eu arrumei treta com policial no deserto do Saara. Você realmente acha que eu ficaria quieta? Primeiro quem ela pensa que é para falar uma coisa assim? Segundo, como uma pessoa tem coragem de ir à missa, à igreja e julgar os outros de uma maneira tão...tão não cristã?  
Na minha ironia de sempre virei e disse sorrindo: “Nós estamos de tênis e jeans mas nós temos o convite rosa” e balancei o convite no ar. O casal com quem ela estava conversando ficou roxo. Ela ficou sem graça e falou que não era assim, que por exemplo, nós estávamos de bota pelo menos. (SÉRIO, JURO QUE FOI ISSO).

A Mazé, minha flat, estava um pouco afastada da fila porque estava fumando. Ela estava de jeans e tênis e gritou: “O moça, eu to de tênis e jeans mas também tenho o convite rosa”. Nós rimos. A mulher não chegou mais perto de nós. A última coisa que escutamos foi ela reclamando: “Ai, o salto do meu Chanel fica entrando nessas pedras”.

De tênis, jeans ou não todo mundo da fila entrou na basílica. Missa em italiano, latim. Alguns trechos em hindu, francês, espanhol, alemão. Tudo para mostrar que ali todo mundo era bem vindo. Não sei bem... Tenho problemas com igrejas, mas esse assunto é pra outro texto.
A igreja é uma aula de artes, de história. Contribuições de Rafael, Bernini, Michelangelo. Eu ficava olhando para o teto admirada com tanta beleza e pra falar a verdade admirada com tanta ostentação. Eis que começam a entrar uma galera que parecia ser amiga do papa, então todo mundo já tirou as maquinas, celular, tudo. Confesso que até eu já fiquei preparada para ver o Chico. E ele veio. Passou do nosso lado. Quase despercebido. Sem nenhuma roupa diferente. Igual a todos que entraram. Olhos baixos. Rezou a missa. Fez algumas piadas. Gostei dele. Ao final da missa, fez a famosa aparição para centenas de fieis que se aglomeravam na praça. Enfim, as meninas estavam felizes porque tinham ido a missa e agora eu poderia finalmente ir ao que mais me interessava no Vatica: o museu.
E foi lindo. Primeiro porque o museu nunca abre aos domingos. A entrada sempre é bem cara. Mas aquele domingo era o último domingo do mês. E além de abrir é totalmente 0800, isto é, grátis. Mais uma vitória do povo do Paraná.

Existe uma cena do filme Good Will Hunting que traduz o que acontece com as pessoas que se permitem sair da zona de conforto, do aconchego do lar e encarar um estilo de vida totalmente diferente. Na cena Robin Williams ensina Matt Damon sobre a diferença entre conhecer lugares, sentimentos somente com base naquilo que lemos, estudamos e sobre estar, sentir, olhar de perto alguma coisa.

Quando entrei na Capela Sistina só conseguia lembrar-se da cena desse filme, excelente por sinal. Eu passei a vida inteira estudando e me apaixonando por história, por países. Eu nunca me contentei em viver uma vida em um só lugar, conhecer só uma cidade, amar só uma pessoa. Eu sempre quis mais. Roma me ensinou a pensar mais sobre isso.
   
Por que nós passamos nossas vidas nos contentando somente com o imaginário das coisas que realmente queremos conhecer? Eu passei um tempo assim. Não posso falar que passei minha vida inteira imaginando porque minha vida só está começando (espero eu). Quantas vezes assisti filmes de pessoas que largam tudo e vão atrás do que querem. E eu queria. Mas tinha medo. É preciso ter coragem para seguir os próprios sonhos. Foi preciso coragem demais para dizer adeus a minha vida, para vender meu carro, para ir em direção do desconhecido. 

Daqui há poucos meses volto para o Brasil. Provavelmente sem nada. Sem emprego, sem carro, sem plano. Mas volto com muito. Com coisas que realmente importam. Com momentos, com memorias que me fizeram entender sobre o que realmente importa na vida.

E sei que isso vai mudar minha vida para sempre. Hoje eu sei que não preciso de carro, de roupas caras, de festas caras (tem umas baratas bem legais). Hoje todo dinheiro que ganho é destinado para morar, comer e viajar. E sei que não terei mais a ambição que um dia tive ou achei que tivesse. Realmente quem disse que viajar é a única coisa que você compra que te deixa mais rico, estava certo! 



domingo, 6 de setembro de 2015

6 meses de Irlanda, quase presa no Marrocos e outras coisas mais

9,686 quilômetros. Esse número representa quão longe eu estou de casa. Hoje faz seis meses que estou em Dublin e pela primeira vez tive a curiosidade de conferir quantos quilômetros me separa de tudo aquilo que mais amo na vida. Quando eu cheguei aqui era março e foi o mês mais intenso da minha vida. Assim que você junta algumas peças de roupa e cruza o oceano atrás de um sonho não imagina como vai ser difícil. Assim que pisei nessa terra gelada comecei a sentir algo que nunca tinha realmente sentido: medo.

 O processo de despedidas, embarque foi uma mistura de saudade, de alegria, tristeza. Eu lembro exatamente da sensação de pegar minhas malas na esteira do aeroporto e olhar para os lados e pensar: Pra onde eu vou agora? E sabe de uma coisa? Essa sensação é a melhor do mundo. Você não tem mais certeza de absolutamente nada. Tudo é novo. Quando digo tudo, é tudo. Você chega sem ter onde morar, sem ter trabalho. Chega com alguns trocos no bolso e com vontade de vencer no coração. E isso basta, amigos.

Os dias vão passando e você vai encontrando pessoas que você acha que não terão muito significado na sua vida e quando você percebe elas se tornaram seus melhores amigos. Um dia em Dublin foi o que bastou pra eu fazer uma amizade que vou levar para o resto da minha vida. E quanto mais você se expõe a tudo que está a sua volta, mais você encontra essas pessoas, mais você aumenta suas chances de ser feliz na vida nova que começou.

Já se foram seis meses. Seis meses de festas, viagens, de novos amigos, de trabalho duro. Nunca imaginei que ganharia a vida fazendo café, sanduiche. Aprendi a fazer latte, americado, macchiato, cappuccino. A primeira vez que fiquei sozinha no Starbucks estava aterrorizada. Com três papeis cheios de anotações. Se o cliente pedisse um Frappuccino de Caramelo eu tinha que olhar minhas anotações, colar mesmo. Hoje me divirto lembrando as minhas confusões com pedidos, confusões com os sotaques mais estranhos.  

Do que adianta meu diploma aqui? Do que adianta ser da família tal? Nada. Aqui eu sou a imigrante que precisa trabalhar e só. Eu e todos que trabalham comigo. Tudo na vida é possível quando a gente escolhe ser humilde e aprender. Aprendi a fazer café e outras coisas mais. Aprendi a dividir a casa com mais quatro pessoas. Aprendi a dividir com eles minhas alegrias e minhas angustias. Aprendi a ver neles a minha família aqui.

Enfim, eu queria conseguir fazer um texto com todas as situações que já vivi nesses seis meses de Irlanda. Não consigo. Muita coisa. Eu teria que censurar muitas histórias também... Minha vida mudou da água pro vinho... Ou melhor, da água pra Guinness (nossa, péssima né).  Só tenho que dizer que essa foi a melhor decisão da minha vida. E em nenhum momento me arrependo. E que se você tem o mesmo sonho que eu tenho, pare de inventar desculpas. A vida passa muito rápido para nos aprisionarmos em rotinas que odiamos.

Existe uma história que quero compartilhar com vocês. Claro que aconteceu na trip mais sensacional da minha vida. Marrocos! O que é aquele país, gente. Assim que você pisa no aeroporto já fica louco com todas as coisas diferentes. Chegando na cidade piora. Vira criança, olhando para todos os lados, tentando memorizar tudo porque a sensação de estar na África é única. Quando cheguei em Marrakesh só pensava em uma coisa: O Clone. Meu Deus, tô no projac! Jade, Tio Ali por todos os lugares.

As pessoas são incríveis. Lojas por todos os lugares. Gastei todos meus dihans (moeda local) comprando Pashmina e comendo Tajine. Você passa pelas lojas e deve evitar fazer contato visual com os vendedores. Se você olhar para qualquer peça exposta, tá frito! Eles vão te encher o saco até você comprar. Eu lembro que saia para comprar as lembrancinhas para a família. O preço de qualquer coisa começava em 400 dihans. Terminava em 30. É muito engraçado. Lá o negócio é pechinchar mesmo.

Ahh, tem tanta coisa para contar. Mas vou focar na história mais engraçada. Então, para se chegar ao deserto do Saara você precisa viajar muito. Quando digo ‘muito’ é MUITO mesmo. Torno de 12 horas. Eu pensei que o deserto era perto. Se estava em Marrakesh o deserto era logo ali. Tipo beira-mar. Beira-Saara. Mas não. E junte 12 horas de viagem (com pausas em outras cidades, pausa em hotéis) com um motorista louco, alta velocidade e precipícios ENORMES. Aventura total. Só uma coisa fez ficar mais emocionante: eu arrumar treta com a policia do Marrocos.

Estávamos nas estradas desertas do Marrocos, cenário igual ao desenho do Coiote e Papaléguas. Quando uma espécie de blitz parou a gente. O motorista da van parecia nervoso. Pensei: Ihhh, esse cara tá com o IPVA vencido. Certeza. Ficamos cerca de 15 minutos parados. O motorista desceu com alguns papeis. O guarda olhava, conversava com o outro, falava no rádio. E nada de liberar a gente. E eu ali, de olho. Entediada resolvi mexer na minha maquina, ver as minhas fotos. Só que eu tava apontando a câmera diretamente para os policiais.

Do nada um dos policiais saiu correndo e abriu a porta da van e começou a gritar em árabe apontando pra mim. E eu tipo: digo ué! Ai o motorista falou pra eu descer com a maquina. O que aconteceu foi que ele achou que eu estava tirando fotos deles. E é proibido tirar fotos dos policiais no Marrocos. Justamente porque há vários casos de pessoas que tiraram fotos suspeitas de policiais que recebiam propina. Que absurdo né? Policiais? Propina? Coisa que nunca vi no Brasil.

E vá provar pro cara que eu era inocente (será?). Eu gritava em inglês mostrando todas as fotos e ele gritava comigo em árabe. Confusão dos infernos. Eu acho que pela primeira vez na vida daquele policial uma mulher o enfrentou. Desci da van com sangue no olho. Se ele estava com medo é porque ali tinha alguma coisa, né.  Eu falava que não tinha tirado foto, ele falava – em árabe – que eu tinha gravado vídeo. E eu falava que não tinha gravado vídeo. Ele falava – em árabe – que então era foto. E assim foi... Ah, coisas normais que todo jornalista já passou. Mas não no MARROCOS, sendo MULHER. Ele quis tirar a câmera da minha mão. Pense numa pessoa rodando a baiana no deserto. Era eu. Gritei que minha maquina ele não tocava. Ih, gente. Foi engraçado para caramba. No final o nosso guia veio e explicou tudo e seguimos viagem.

Lógico que eu não deixaria o Marrocos sem uma tretinha na bagagem. Isso ai, gente. Escrevi para caramba já. 
Moral da história: abandone sua vida no Brasil e vá arrumar briga em árabe no deserto do Saara.
Até a próxima.

essa foto foi tirada por uma menina que estava na outra van. Ela viu a confusão e tirou uma foto de longe. Mal sabia ela que também estava correndo o risco de ser presa


domingo, 21 de junho de 2015

The Script, Staff e outras lições

Uma das coisas mais irônicas para as pessoas que moram fora do país: longe de todos que conhecemos e de tudo aquilo que nos formou a gente acaba não se importando mais com o que os outros pensam. Pelo menos os “outros” do país onde moramos. É assim para mim. Outra grande vantagem é que nos submetemos a situações que jamais enfrentaríamos na nossa zona de conforto, na barra da saia da mamãe e do papai.

Ontem cheguei em casa de madrugada. Bolhas nos pés, fedendo a lixo e muito cansada. Eu ia construir essa frase falando que eu nunca tinha chegado assim em casa...Mas consegui me lembra de alguns momentos da vida em que...deixa pra lá. Melhor: eu nunca tinha trabalhado e chegado em casa desse jeito. Pronto! 

The Script e Pharrel Williams fizeram um show aqui em Dublin. E quem trabalhou no show ontem? Eu nunca imaginei que faria isso na minha vida. Mas a oportunidade surgiu e eu me perguntei: Por que não? Essa perguntinha pequena pode trazer grandes experiências para as nossas vidas. E lá fui eu.
Primeiramente porque eu adoro Script e na minha vidinha humilde de estudante na Europa , seria uma maneira de ver o show na FAIXA.  Às 15 horas fui até o Croke Park onde aconteceria o evento. MUITA GENTE. Filas de teenagers com camisetas de banda. Cheiro de cachorro quente, pipoca... Pensei: vai ser divertido! 

A manager da empresa chegou com camisetas. Uma das mulheres responsáveis era uma romena que falava um inglês engraçado e juro: era igual a Xuxa. Igualzinha. Ela era toda atrapalhada. Usava uma sombra esverdeada e lápis de olho da cor roxa. Super tendência.  Ela tinha dificuldades para contar quantos staff precisava. Mas pelo menos era gente boa. Já a chefe dela, uma mulher morena, gordinha e bem irish... era bem desagradável. Enfim, fomos separados em “times” para trabalhar no estádio – que é enorme.

Alguns ficaram responsáveis por cuidar dos banheiros. Isso inclui limpeza geral e também cuidar para não faltar papel, sabonete... Outros ficariam nas entradas das arquibancadas limpando e varrendo. E outros ficariam trocando as sacolas dos lixos espalhados pelo estádio e também juntando o que fosse jogado no chão. Fiquei com o último.

O problema é que o plástico da sacola era muito fino e quase sempre rasgava. Isso significava batata frita, cerveja, água, refrigerante, tudo caindo no chão e na minha roupa. Mas ok, depois de um tempo criei meu próprio jeito de retirar o lixo e deu tudo certo. Antes do show foi super busy. Muita gente. Carrinhos de comida e cerveja em todos os lugares. Essa ideia que a gente tem de europeus super educados, politizados e preocupados com o meio ambiente caiu por terra. Eles são gente como gente! Haha também jogam lixo no chão, deixam copos e garrafas de cerveja por todos os lados, não estão nem ai mesmo. E lógico, alguém tem que juntar tudo isso do chão. E esse alguém era eu e mais outros brasileiros, chineses e mexicanos.

O show começou e eu não pensei duas vezes. Fui curti a música. O estádio estava lotado. O Croke Park tem capacidade para 83.300 pessoas. E estava entupido de gente. Na teoria eu não teria acesso ao pitch, mas eu sou brasileira. Cheguei sorrindo, com minhas luvas amarelas e minha camiseta de cleaner e a segurança me deixou passar. Acho que ficaram com pena, sei lá. Com certeza me viram catando lixo e cantando as músicas. Foi até um pouco emocionante. Eu costumava escutar a banda no meu carro, indo para meu trabalho easy, vivendo minha vidinha mais ou menos. E ontem eu estava ali. A mesma pessoa, mas não sendo a mesma pessoa.

Entre uma música e outra eu pegava uma garrafa. Eu sei que não era certo eu estar ali. Mas não era como se eu me importasse, entende. Era um freelance. Eu tenho trabalho fixo. O que eles iam fazer? Me mandar embora? I don’t care.

Fogos de artificio explodiram. Chuva de prata no estádio inteiro. Foi lindo. Foi lindo até eu saber que aquela chuva de prata ficaria no chão e eu teria que juntar tudinho. Quando o show chegou ao fim e a galera deixou o Croke Park...lá estávamos nós: juntando papel, bitucas de cigarro, garrafas e tudo que você possa imaginar. Incrível a quantidade de coisas que as pessoas deixam cair no show. O trabalho que começou às 16h só terminou perto da uma hora da manhã. Pernas doendo, bunda doendo de me abaixar para pegar lixo, mãos doendo e bolhas em todos os dedos do pé.  Mas não é por isso que resolvi escrever sobre esse trabalho. É pela experiência que temos aqui.

Não tem melhor maneira de entender a vida. Muitas vezes enquanto eu juntava e trocava os lixos, as pessoas não me respeitaram. Alguns puxavam a bolsa com medo que eu fosse roubar. Outras chutavam as garrafas para espalhar mais. E eu refletia: quantas vezes EU não fiz isso? Muitas vezes sem pensar. Muitas vezes bêbada e não me importando com as pessoas que teriam que fazer o trabalho que eu JAMAIS faria. Pois é, a vida muda. E graças a Deus nós também.


Ser um invisível. Ser a pessoa que faz café toda a manhã para os chefões de uma das maiores empresas de tecnologia e informática do mundo. Ser a pessoa que troca o lixo e limpa o estádio depois dos eventos. Isso muda muita coisa. Aqui não importa quem é a minha família, não importa meu diploma, não importa quanto eu tenho guardado no banco. Nada importa. Por isso morar fora muda as pessoas e muda a maneira como elas encaram a vida e como tratam as pessoas – do chefe ao cleaner. 


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Doce Ilusão

Eu sou do sul. Ponta Grossa, Paraná. Desde criança convivo com festas de família onde o principal prato é o que? Churrasco. Meu pai sempre foi responsável pelas churrasqueiras no Natal e nos aniversários. Da linguiça e do coraçãozinho até o carneiro no rolete. Minha irmã mais velha casou com outro “churrasqueiro” nato. O Adri faz de tudo. Mas a especialidade é a costela de chão (ôô saudade!!). Então assim, modéstia parte eu sei apreciar um bom churrasco e também identificar se alguma coisa está errada na carne.
Eis que a minha flatmate me convida para ir a um restaurante que serve churrasco. Uma das coisas que mais sinto falta nessa terrinha gelada é da carne vermelha. Aqui além de ser caro, não chega nem perto da qualidade da nossa carne.  Esses dias eu fui ao açougue e pedi carne para barbecue e o cara me respondeu: Não temos, desculpa. Fiquei chocada! Como um açougue não tem carne pra churrasco? What’s the point?!
Comendo só bacon e frango há dois meses resolvi aceitar o convite. Até porque comecei a trabalhar há um mês e achei que eu merecia comer bem.  Domingo passado a temperatura estava bem amena e até vestido eu usei. Parecia o dia perfeito. Churrasco era tudo o que eu precisava.
Chegamos ao local.  Todas as mesas lotadas. Pensei: bom sinal.  Cássia Eller cantava indignada que ainda era uma garotinha. A decoração meio indefinida. Várias samambaias, plantas de todos os tipos penduradas nas paredes. Ótimo. O gringo já acha que o Brasil é só mato. Vai a um restaurante brasileiro na Europa e acaba tendo certeza que vivemos em uma floresta. Acredito que o local mais parecia casa de vó do que decoração brasileira. Pedimos para a recepcionista nos ajudar a localizar uma mesa. A partir desse momento eu já começava a me arrepender. O atendimento confuso, um funcionário jogando a responsabilidade para o outro. Mas tudo bem, eu estava confiante no churrascão. Enfim, sentamos!
Fomos ao buffet nos servir e esperamos ansiosas o rodizio de carne! Eita nois! Esperamos, esperamos... Os funcionários começaram a servir algo que pode ser tudo, menos churrasco. O garçom cortava um pedaço tão pequeno que achei que estava em uma degustação. Sei lá, vai que gourmetizaram o churrasco também? Veio coração de frango. Ok, passo. Veio mais uma vez fraldinha. Ok, aceito. Veio abacaxi assado (tinha até canela). Ok, pode me dar dois pedaços. Peço uma cerveja. Pensei em pedir uma Original, mas achei que era pedir demais. Vai de bud mesmo. Vem a comanda. O RODIZIO tinha subido para 20 euros. A lágrima quase escorreu. Sério? 20 euros para isso? Você sabe quanto é esse valor em reais?! Reclamamos que o preço tinha subido e nada tinha mudado. Ganhamos duas caipirinhas. Nessa hora também pensei em pedir com cachaça Seleta, mas também achei que tava sendo pc demais. Ok, vai vodca mesmo. Doceeeeee que não consegui tomar. No meio de toda essa confusão eu só pensava: que horas vem a picanha? Alcatra na pedra? Queijo assado? Enhoque frito? Polentinha de aperitivo? Não? Então tá bom. Opa, veio picanha. Pode me dar dois pedaços moço? Na hora em que ele cortava aquele mísero pedaço no espeto eu pensei: ok guys, nice try! Picanha a gente não serve torrada assim! Cadê o sangue para manchar meu arroz?! Ah, eu desisto.
Enfim. Ainda estou pensando que paguei 20 euros para comer salada, batata frita e abacaxi. Depois ainda vieram servir uma costela – muito suspeita por sinal porque não parecida nada com costela. Mas a experiência foi boa. Conheci o lugar e não vou mais.  Eu não quero parecer exigente, mas se a pessoa se propõe em fazer algo, faça certo. Bom atendimento principalmente.  Até tirei uma foto do espeto do garçom. Tirei meio escondido. Eu tinha que mostrar para a minha mãe. 

O domingo terminou bem, afinal. Fomos para uma baladinha aqui em que a pint (o copo de cerveja) é dois euros e nem dá exigir muita qualidade. Porém deu para compensar. Mas churrasco em Dublin, você também já sabe: não existe. O negócio é ficar no fish and chips. See u, guys! 


terça-feira, 7 de abril de 2015

Saudades




Eu ainda tenho esperança de atualizar um blog semanalmente... Eu sempre fui master em enganar a mim mesma. Since 1991. Mas hoje decidi me dedicar a escrever um pouco sobre meu intercâmbio aqui na Irlanda.

Ontem fez exatamente um mês que aterrizei na Ilha Esmeralda. A primeira coisa que me impressionou foi como esse o país é verde. Sério, sabe quando o avião vai ficando mais próximo da terra e tudo parece uma maquete dessas que a gente faz quando é criança? Então, quando você está chegando aqui a "maquete" é verde. Só. Verde claro, escuro, verde tudo, só verde. E é muito lindo. Dá até vontade de chorar. E quase chorei mesmo porque a turbulência quando se está chegando em Dublin é assustadora. Aqui venta muito, então o avião fica sem estabilidade e pousar foi um alívio.

Saindo do aeroporto foi direto para casa de uma amiga de um amigo que me deu abrigo por um mês até eu achar um aluguel mais em conta (vida de estudante aqui é chinelagem). Quando cheguei nunca tinha visto ela na vida, só conversas por facebook e whatsapp. E o medo de não gostar das pessoas? Das pessoas não gostarem de mim? Enfim, tudo deu MUITO certo e até me deixou assustada. Além da Raissa que foi uma pessoa sensacional e que me ajudou muito, encontrei o Gustavo - também flatmate. E esses dois, posso dizer com certeza, foram as duas pessoas que classifiquei como amigos aqui.

Inclusive ontem, meu último dia no ap da Ra e do Gustavo, foi bem difícil para mim. Porque aqui tudo acaba sendo muito intenso. Então quando você encontra pessoas com a qual se identifica é muito intenso, você se sente em casa. Rolou até um roof party por lá e foi BEM divertido. Enfim, um mês que terminou e terminou com chave de ouro (desculpa esse clichê ridículo).

Já estou morando com um pessoal novo. Todos brazucas e muito queridos. Pessoas boas mesmo, sabe. Até já saímos juntos, bebemos e foi bem bom. A casa é um pouco mais distante do centro, mas as pessoas e o valor do aluguel compensam!

Enfim, só queria fazer um update rapido do que tá rolando por aqui. Ainda estou me acostumando com tudo. A gente acha que morar na Europa, fazer intercâmbio é puro glamour. Só pra quem faz Ciência sem Fronteiras, queridos. Ganha dinheiro do gov, fica de boas, viaja e ainda fala mal da Dilma. Agora quem vem com a cara e coragem...Ahhh isso rola um post inteiro só com as ginásticas e malabarismos que fazemos para sobreviver aqui até arrumar um emprego.

Sobre o tempo não posso reclamar. A primavera chegou! TEM SOL!!! vocês não sabem como sol é raro aqui. Temperaturas em torno de 10ºC - tá muito calor já. É ridículo se compararmos ao nosso calor, mas assim é que se aprende a dar valor as coisas que tinhamos, né.

E esse tópico (dar valor ao que se tinha) estou ficando phd. Quando você pensa que vai mudar de país, morar com amigos, longe dos pais e cobranças rotineiras, você pensa: Nossa, vai ser perfeito. Mas não é. Claro que você não tem mais cobranças como horário para chegar, você pode chegar bebada sem se preocupar com sermões no café da manhã, enfim....Mas perde o café da manhã dos sermões, o almoço, o café da tarde, o jantar, enfim. Perde toda a mordomia. E quando a gente está em casa nem percebe como somos mimados e como nossa vida está longe de ser complicada. E aí quando voce se ve ABSOLUTAMENTE sozinha no mundo, a coisa pega. Mas para quem tem uma boa educação, como eu, tira de letra. Come razoavelmente bem e se esforça pra economizar mesmo na cidade com mais pubs no mundo. Difícil, viu.

O que mais me faz sofrer aqui é a saudade. Família, amigos, dogs. E saudade de coisas que nunca imaginei que iriam me fazer falta. Saudade de uma rua, de detalhes da sua rotina, enfim.

Eu não estou muito inspirada hoje, me desculpem. Tô na função de procurar emprego e acabei de conseguir uma entrevista. Então já mudei de foco aqui. Mas prometo que logo trago mais novidades, espero estar trabalhando já e comprando produtos de qualidade melhor no mercado hahaha See u, guys.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015



Olá, Folks!

Vocês devem estar se perguntando por que criei esse blog. Então, meu nome é Juliana, tenho 23 anos, sou jornalista por formação, moro em Ponta Grossa - PR e estou largando tudo para viver um ano na Europa. Por que? Porque sempre sonhei com isso mas vivi a vida inteira dizendo para mim mesma que não era a hora. Um dia acordei e pensei: Why not?!

Quero fazer desse blog um lugar para contar minhas aventuras, minhas dificuldades, minha saudade e quem sabe encorajar alguém a também largar tudo e realizar seu sonho. Além disso, tenho algumas ideias para fazer esse blog bem legal, mas isso só quando chegar em Dublin. 

Bom, quero explicar rapidamente o que me levou a decisão de morar fora e como organizei tudo. Eu me formei na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) em 2012. Tinha exatos 20 anos de idade. Na época eu trabalhava voluntariamente em uma ONG que promovia intercâmbios (AIESEC - uma boa opção para quem procura por intercâmbio e voluntariado e viagens a curto prazo). Também trabalhava em uma escola de inglês e minha chefe já tinha morado fora e sempre me incentivou a parar de dar desculpas e começar a pensar em realizar meu sonho .

Logo que terminei meu curso de jornalismo eu comecei a trabalhar como assessora de imprensa na Câmara Municipal da minha cidade. Eu ganhava bem, tinha um emprego muito bom. Com 21 anos eu já tinha comprado meu primeiro carro e já tinha independência financeira. Mas eu não estava feliz. Eu adorava meu chefe, meus colegas de trabalho mas eu sentia que alguma coisa estava faltando. Eu achava que a vida era mais do que ganhar bem, ter estabilidade, sair todo final de semana...Enfim, eu queria mais. Sempre quis. 

Em outubro de 2014 comecei a trabalhar na campanha eleitoral do meu assessorado. Acho que nunca trabalhei tanto na vida. Saia de casa às 8h e chegava perto das 23 horas. Todos os dias, inclusive fim de semana. Eu fiquei exausta e isso me levou a refletir seriamente se era isso que eu queria para minha vida. A resposta foi não. E por isso tomei a decisão. Só eu mesma poderia fazer alguma coisa para mudar minha vida.

Tudo aconteceu muito rápido. Fechei com a agência em janeiro e marquei minha data de embarque: 05 de março de 2015. Até agora não acredito, parece que não está realmente acontecendo. Mas está. E fico feliz por mim mesma por ter coragem de sair da minha zona de conforto. Vendi meu carro, estou dando adeus ao conforto da família, estou dando tchau aos inúmeros amigos que eu tenho. Tudo isso para viver algo completamente diferente.

Eu acredito que chega um momento na vida que temos que tomar as rédeas da nossa própria história porque a rotina vai nos levando, levando...e quando vemos se foram 10 anos e não fizemos nada que realmente queríamos fazer. E eu morro de medo de viver uma vida sem sentido. 

Ahhh, o nome do blog. Moro em uma cidade de porte médio, mas que tem um comportamento de cidade pequena. Bem interioRRRR mesmo. Amo minha cidade, mas algumas pessoas simplesmente se recusam a evoluir por aqui. Ok, ok. o nome do blog! Aqui existe uma expressão "jacu" dada aquelas pessoas que tem comportamento de jacu (pqp como é díficil explicar). São pessoas geralmente bem simples, que vivem longe da cidade, não sabem o que é modernidade, se admiram com tecnologias haha por ai. E tenho certeza de que me sentirei exatamente assim em Dublin. Morar em Ponta Grossa te torna automaticamente um JACU. Imagina o que fará uma jacu em Dublin....HAHA é o que vamos conferir!

Próxima postagem só quando chegar na Ilha Esmeralda! 

I see you, jacus!