quarta-feira, 27 de maio de 2015

Doce Ilusão

Eu sou do sul. Ponta Grossa, Paraná. Desde criança convivo com festas de família onde o principal prato é o que? Churrasco. Meu pai sempre foi responsável pelas churrasqueiras no Natal e nos aniversários. Da linguiça e do coraçãozinho até o carneiro no rolete. Minha irmã mais velha casou com outro “churrasqueiro” nato. O Adri faz de tudo. Mas a especialidade é a costela de chão (ôô saudade!!). Então assim, modéstia parte eu sei apreciar um bom churrasco e também identificar se alguma coisa está errada na carne.
Eis que a minha flatmate me convida para ir a um restaurante que serve churrasco. Uma das coisas que mais sinto falta nessa terrinha gelada é da carne vermelha. Aqui além de ser caro, não chega nem perto da qualidade da nossa carne.  Esses dias eu fui ao açougue e pedi carne para barbecue e o cara me respondeu: Não temos, desculpa. Fiquei chocada! Como um açougue não tem carne pra churrasco? What’s the point?!
Comendo só bacon e frango há dois meses resolvi aceitar o convite. Até porque comecei a trabalhar há um mês e achei que eu merecia comer bem.  Domingo passado a temperatura estava bem amena e até vestido eu usei. Parecia o dia perfeito. Churrasco era tudo o que eu precisava.
Chegamos ao local.  Todas as mesas lotadas. Pensei: bom sinal.  Cássia Eller cantava indignada que ainda era uma garotinha. A decoração meio indefinida. Várias samambaias, plantas de todos os tipos penduradas nas paredes. Ótimo. O gringo já acha que o Brasil é só mato. Vai a um restaurante brasileiro na Europa e acaba tendo certeza que vivemos em uma floresta. Acredito que o local mais parecia casa de vó do que decoração brasileira. Pedimos para a recepcionista nos ajudar a localizar uma mesa. A partir desse momento eu já começava a me arrepender. O atendimento confuso, um funcionário jogando a responsabilidade para o outro. Mas tudo bem, eu estava confiante no churrascão. Enfim, sentamos!
Fomos ao buffet nos servir e esperamos ansiosas o rodizio de carne! Eita nois! Esperamos, esperamos... Os funcionários começaram a servir algo que pode ser tudo, menos churrasco. O garçom cortava um pedaço tão pequeno que achei que estava em uma degustação. Sei lá, vai que gourmetizaram o churrasco também? Veio coração de frango. Ok, passo. Veio mais uma vez fraldinha. Ok, aceito. Veio abacaxi assado (tinha até canela). Ok, pode me dar dois pedaços. Peço uma cerveja. Pensei em pedir uma Original, mas achei que era pedir demais. Vai de bud mesmo. Vem a comanda. O RODIZIO tinha subido para 20 euros. A lágrima quase escorreu. Sério? 20 euros para isso? Você sabe quanto é esse valor em reais?! Reclamamos que o preço tinha subido e nada tinha mudado. Ganhamos duas caipirinhas. Nessa hora também pensei em pedir com cachaça Seleta, mas também achei que tava sendo pc demais. Ok, vai vodca mesmo. Doceeeeee que não consegui tomar. No meio de toda essa confusão eu só pensava: que horas vem a picanha? Alcatra na pedra? Queijo assado? Enhoque frito? Polentinha de aperitivo? Não? Então tá bom. Opa, veio picanha. Pode me dar dois pedaços moço? Na hora em que ele cortava aquele mísero pedaço no espeto eu pensei: ok guys, nice try! Picanha a gente não serve torrada assim! Cadê o sangue para manchar meu arroz?! Ah, eu desisto.
Enfim. Ainda estou pensando que paguei 20 euros para comer salada, batata frita e abacaxi. Depois ainda vieram servir uma costela – muito suspeita por sinal porque não parecida nada com costela. Mas a experiência foi boa. Conheci o lugar e não vou mais.  Eu não quero parecer exigente, mas se a pessoa se propõe em fazer algo, faça certo. Bom atendimento principalmente.  Até tirei uma foto do espeto do garçom. Tirei meio escondido. Eu tinha que mostrar para a minha mãe. 

O domingo terminou bem, afinal. Fomos para uma baladinha aqui em que a pint (o copo de cerveja) é dois euros e nem dá exigir muita qualidade. Porém deu para compensar. Mas churrasco em Dublin, você também já sabe: não existe. O negócio é ficar no fish and chips. See u, guys! 


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